
Já há algumas semanas que me propus a fazer um comentário a este fabuloso filme de Anton Corbijn.Contudo, e como devem ja ter constatado, não ouso dar muita narrativa aos meus posts, não porque não goste de escrever,mas,talvez,porque ache q as imagens valem,de facto, mais que mil palavras.Porém,existem várias razões que me levam a quebrar este "voto de silêncio", entre as quais,o casting deste filme.Sam Riley (vocalista dos 10.000 things),com uma paupérrima experiência como actor, mas com uma incrível similitude na aparência e voz de Ian Curtis (uma vez que todas as músicas são cantadas pela sua própria voz e ñ em playback, como se fizera em quase todos os filmes biográficos de estrelas de rock),vem,de facto, ressuscitar o papel e espírito enigmático do vocalista dos imortais Joy Division. Sem falar na performance representada, encontrem-se aqui as diferenças...




Pois bem, é numa tela a preto e branco, em tons de névoa, que Corbijn denuncia os primórdios de um rapaz de 17 anos que, residindo nos arredores de Manchester, demosntra uma sede do glamour do pop dos anos 70, espelhando-se no reflexo de um David Bowie, excêntrico e irreverente. Numa banda precipitadamente denominada de Warsaw (q se constituiu aquando o primeiro concerto dos Sex Pistols)formada por Ian, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris,surge um espírito de incontestação q urgia ser denotado na sua música e no ideal que pretendiam fazer-se relevar e q os levou à mudança do nome da banda. Joy Division,é, portanto, um nome carismático, uma vez que vivendo à sombra de um certo e determinado conservadorismo ao qual se acresce igualmente uma certa dose de rebeldia, esta nomenclatura fora inspirada numa ala de prostitutas dos campos de concentração nazi!!!
É,deveras, controverso chegar a um consenso do seu idealismo: apresentaram na capa do seu 1º álbum "An Ideal for Living" uma ilustração de um membro da juventude nazi, em palco vestiam-se de roupas mt escuras, austeras e apresentavam-se com um corte de cabelo irregular, fora do comum....Seria um pseudo nacional socialismo ou um patriotismo exacerbado (irónico) tal como vivemos aqui em Portugal,na década de 80, com os "Heróis do Mar"?!
De volta à tela,Riley consegue transparecer a veracidade do significado q era o palco para Ian Curtis: pai e marido precocemente,numa dúbia questão da essência do seu viver, ora se mais devia à família,ora à música ora a uma recente e calorosa paixão q o consumia,atormentado por constantes ataques epilépticos, cujo tratamento com avultada regularidade ignorava...era no palco que exteriorizava a sua forma de libertação, embora frequentemente, enquanto fervorosamente dançava de uma forma perversa,arritmada mas contagiante, terminava o espectáculo espasmodicamente a deambular pelo chão!
O essêncial,a meu ver, é que Corbijn ñ quis,tão somente,relevar este como um filme biográfico, mas antes contextualiza todo o background cinzento daquela velha Manchester, as aspirações idolatradas de um movimento do glam rock q inspiraram a banda,a conturbada patologia proveniente da indecisão de amar, o drama da doença de Ian(muitas vezes,ignorado pelos q lhe eram mais próximos em prol do êxito tão ambiciosamente procurado), resultando daqui uma História muito humana de um ídolo que não procura êxito além-mar e que, conturbado, inicia um mito com a auto negação da sua existência.
Para quem ainda não viu....aqui vai
http://www.youtube.com/watch?v=7c2_B_cWK_M
Para não se lembrar de esquecer....